março 15, 2011

Envolvendo a Igreja com Missões*

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"E ali pregavam o evangelho." Atos 14:7

A igreja descrita em Atos dos apóstolos não é perfeita! Há entre muitos o mito da igreja perfeita

e freqüentemente atribui-se às igrejas citadas nos escritos de Lucas status da perfeição.
Atos é um livro "aberto", não tem benção apostólica, conclusão, está "aberto" porque trata

da história da igreja de Cristo que perdura e se desenvolve até hoje. É perfeita na revelação,

na teologia, na eclesiologia, mas não na história.
No entanto há muito que aprender com essas primeiras comunidades cristãs, pois,

sobretudo, nos mostra a igreja de Cristo em sua essência mais pura: Missões!
Uma igreja cada vez mais envolvida com missões é o que todo líder de visão deseja

ter a despeito do bombardeio de prioridades outras que acometem a igreja, estou

convencido de que não poderemos agradar a Deus se não formos uma

igreja missionária de fato, e eis a razão desta mensagem sobre missões.

Envolver a igreja com missões implica em reafirmar sua essência para fortalecer suas raízes.

(At.1:8; Mt. 28:18-20)

Igrejas missionárias são realizadas por meio desta "bendita mesmice" da grande comissão.
Muitas igrejas enjoaram de viver em função de missões e por isso erraram o alvo,

corromperam sua prioridade, mas não há como ser igreja bíblica longe de sua essência

maior que é missões!
A grande comissão traz uma imagem de auto entendimento para a igreja, pois há um padrão

cíclico: Ir, ensinar, batizar, equipar e enviar. A igreja de Jesus só pode achar a sua mais

plena expressão para o mundo, dentro do Reino de Deus se viver sua natureza de

povo missionário.
Jesus estabeleceu a visão da igreja quando disse o que fazer, ou seja,

"... fazei discípulos.." Jesus esclareceu a missão da igreja, ou seja, onde fazer "

... tanto", "como", "e".
Alguns missiólogos discutem se missões se realiza no bairro da igreja ou se é

apenas nas regiões além fronteiras e eu particularmente não entro nessa discussão,

só olho para essas expressões de Jesus e percebo uma simultaneidade e um mesmo

nível de importância entre a rua onde a igreja está instalada e os países da janela 10X40.
Igrejas missionárias mantém o caráter essencial de igreja. (I Pe. 2:9)
"Não há outra igreja, a não ser a igreja enviada ao mundo, e não há outra missão,

a não ser a da igreja de Cristo." John Stott
Até que ponto a igreja corresponde ao seu nome, até que ponto ela existe como

uma manifestação prática de sua essência, até que ponto ela é de fato o que aparenta,

até que ponto ela cumpre o que afirma e atente às expectativas que suscita? (At.2:47)
Essa igreja, dita primitiva, foi fiel à sua razão de existir quando se faz relevante em Jerusalém

(At.2:47; 6:7), ultrapassando as fronteiras da Judéia, chegando à Samaria (At.8:5-24)

e avançando além das fronteiras da Palestina. (At.09:31; At.11:19-21)

Não será por causa dessa crise de identidade missionária de nossos dias que algumas

agências missionárias têm feito além de seus limites de atuação? Agências missionárias

são ferramentas de apoio às igrejas, mas não querem e não podem ser igrejas ou assumir

a responsabilidade da igreja local. A autoridade para o envio é da igreja local,

o apoio de base é da igreja local, a manutenção do trabalho passa pelo crivo da igreja

local e quando a igreja local se omite em sua função ela perde sua essência maior e se atrofia.


Envolver a igreja com missões implica em conscientizar a liderança para provocar mobilização.

Me refiro a "liderança" referindo-me a mim mesmo.
Nós somos as molas propulsoras que Deus tem usado para promover e provocar

uma maior mobilização de nossas igrejas com missões, pois "Tudo se levanta ou cai na

liderança." Dr. Lee Robertson
O pastor é a chave! Às vezes há muito movimento e pouco deslocamento na liderança,

a mudança de atitude do apóstolo Pedro foi essencial à visão missionária

da igreja primitiva, por exemplo, no dia de Pentecostes (At.2:14), na postura diante

do sinédrio (At.4:19-20), no reconhecimento da conversão dos samaritanos (At.8:14),

na quebra de barreiras em relação à conversão de gentios. (At.10) O mesmo acontecendo

com Paulo, Barnabé e outros líderes.
Igrejas missionárias se alimentam e se retro-alimentam com a visão proporcionada

por seu líder, pois missões não pode ser apenas uma data na agenda ministerial da igreja,

missões é a agenda ministerial da igreja, agenda essa, que nós líderes controlamos.
É por isso que quanto mais espaço para missões abrirmos, mais espaço para

missões nossa igreja fará. A igreja em Jerusalém era um reflexo da postura dos

apóstolos (líderes), era uma igreja cheia da Palavra de Deus (At. 02:42), o envolvimento

com missões passa por um púlpito que revela os ensinos da Palavra a esse respeito (At.6:7).
Aquela igreja em Jerusalém era uma igreja cheia de comunhão (At.2:42)
Uma comunhão em torno de um esforço comum, mas hoje muito se apregoa

o que chamo "Koinonite" e não a Koinonia (comunhão).
"Koinonite" é uma enfermidade que torna a igreja ensimesmada, míope, que não

vê além do umbigo, mas
Koinonia nos faz ver além do aqui e agora, nos faz ver o ali e além.
Philip Yancey afirmou o seguinte: "A igreja é a única sociedade cooperativa do mundo

que vive em benefício dos que não são membros." Isso é missões!
Aquela igreja em Jerusalém era uma igreja de ação. (At.13:1-3)
Igrejas missionárias exigem líderes dinâmicos, vigorosos, otimistas, que possam

dirigir as aptidões e os recursos potenciais dos membros.
Nós líderes somos catalisadores para a mobilização do povo de Deus em missão no mundo,

por isso, não podemos levar a igreja a pensar que ela serve apenas para mandar dinheiro.

Missões é muito mais que isso, assim, quando nos informamos sobre as necessidades,

projetos, êxitos da obra missionária no Brasil e no mundo, provocamos reações incríveis

por parte da igreja.
Está em nós, liderança, a obrigação de abrir a visão do nosso povo para sua consciência

de missão e mobilizá-los em torno disso, porque se não promovermos missões constantemente

em nossa igreja, ninguém o fará!

Envolver a igreja com missões implica em valorizar os recursos para superar os limites.

Uma igreja envolvida com missões verá os recursos necessários para o cumprimento

dessa tarefa surgirem, tanto recursos financeiros quanto recursos humanos e espirituais.
Sobre estes aspectos do envolvimento da igreja com missões outros colegas nas outras

palestras abordarão com detalhes. Por isso, não irei além.


O pós modernismo conspira contra a obra missionária, a eclesiologia moderna conspira

contra a obra missionária mas "... nós não podemos deixar de falar das coisas que temos

visto e ouvido", por certo essa obra é inacabada, e se nossa geração vai concluí-la Deus

o sabe, mas o essencial é que, no que está em nossas mãos, façamos da melhor maneira

possível para a glória e honra de Deus!!!


Creia e viva!

Pr. Ebenézer Rodrigues

* Trancrição da mensagem do Pr. Ebenézer pregada no retiro de pastores e obreiros da Junta Batista Bíblica do Estado de São Paulo em 2005.

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